O que é?

Transtorno psicótico diz respeito a um conjunto de problemas de saúde mental graves em que o doente tem uma perceção distorcida da realidade ou interpreta-a de uma forma diferente da daqueles que o rodeiam. Este tipo de sintomas, quando são mais severos e incapacitantes, implicam a terapêutica e a vigilância clínica rigorosos de modo a permitir que o doente viva o seu dia a dia com os sintomas controlados.

 

Este grupo de doenças mentais podem afetar algumas capacidades associadas não só ao raciocínio como às perceções:

  • Compreensão da realidade
  • Comportamento adequado / apropriado
  • Bons juízos de valor
  • Raciocínio claro
  • Resposta emocional
  • Comunicação eficaz

 

Diferentes pessoas são afetadas de diferentes formas: enquanto alguns doentes convivem com o transtorno psicótico na maioria do tempo, outros têm apenas alguns episódios ao longo da sua vida. É também possível ter um único episódio de transtorno psicótico e não voltar a ter.

 

Existem vários tipos de transtorno psicótico, sendo alguns exemplos:

  • Esquizofrenia
  • Distúrbio bipolar
  • Parafrenia
  • Transtorno esquizoafetivo
  • Transtorno psicótico induzido por substância, como drogas
  • Transtorno psicótico causado por outro problema de saúde e que afete o funcionamento do cérebro, como é o caso de lesões cerebrais ou tumores cerebrais

 

Os transtornos psicóticos - que, regra geral, surgem no final da adolescência ou nos 20/30 anos e tendencialmente afetam de igual forma ambos os sexos - têm tratamento, incluindo habitualmente casos graves.

 

Sintomas do transtorno psicótico

O transtorno psicótico pode ter vários sintomas associados, mas há dois que têm maior importância: as alucinações e os delírios.

 

Alucinações

Tal como o nome indica, as alucinações são falsas perceções, isto é, coisas que a pessoa está a experienciar, mas que não são reais. As alucinações podem envolver os vários sentidos, podendo incluir situações como: ver coisas que não existem ou que não estão à sua frente, como figuras religiosas, animais ou objetos que se mexem de forma diferente daquela que seria normal; ouvir vozes; sentir cheiros; sentir sabores; ou sentir algo a tocar na sua pele.

Embora as alucinações sejam fruto da imaginação do doente, podem parecer-lhe muito reais.

 

Delírios

Enquanto as alucinações são falsas perceções da realidade, os delírios são falsas crenças. Isto é, acreditar em coisas que não são reais, como pensar que há alguém ou algo a conspirar contra si ou até que está a receber mensagens secretas da televisão.

Além disso, a pessoa pode também ter delírios sobre si mesma, achando que é alguém muito importante (por exemplo, rica e poderosa) ou que consegue ressuscitar outras pessoas ou controlar o tempo.

O doente pode continuar a acreditar nestes delírios mesmo quando confrontado com provas de que estes não espelham a realidade. Para estas pessoas, os delírios “são” reais e são assustadores, fazendo com que se sintam ameaçadas ou inseguras.

 

 

Sobretudo em combinação, os delírios e as alucinações podem causar grande angústia no doente, assim como alterações comportamentais.

Além dos delírios e alucinações, existem outros possíveis sintomas de transtorno psicótico, como:

  • Agir de forma fria e distante, incapaz de expressar emoções
  • Discurso desorganizado ou incoerente
  • Comportamento anormal
  • Raciocínio confuso
  • Perda de interesse na higiene pessoal
  • Perda de interesse em atividades habituais de lazer ou familiares
  • Problemas escolares, laborais ou nos relacionamentos
  • Alterações a nível de humor ou outros sintomas relacionados com o humor, como depressão ou mania
  • Movimentos mais lentificados ou anormais

 

As pessoas que sofrem de transtorno psicótico não apresentam todas o mesmo conjunto de sintomas e, mesmo num dado doente, os sintomas podem ir variando com o passar do tempo.

Estas doenças podem ter um grande impacto na vida do doente, que se pode sentir cansado, assoberbado, ansioso, assustado, ameaçado ou até confuso. Além disso, podem ver a sua experiência ser desvalorizada por terceiros - por não serem crenças ou perceções reais -, o que pode causar sentimentos de incompreensão e frustração.

 

Causas

Alguns problemas / situações identificados como podendo causar psicose são:

  • Problemas de saúde físicos, como acidente vascular cerebral, tumor cerebral e infeção cerebral
  • Experiência traumática
  • Mudança drástica na vida familiar ou laboral
  • Stress
  • Consumo de álcool e de drogas
  • Efeitos adversos de medicamentos

 

Além disso, pessoas que sofrem de determinados tipos de transtornos psicóticos (como esquizofrenia) podem ter problemas nas áreas do cérebro responsáveis por funções como raciocínio, motivação e perceção.

Nalgumas situações, é possível associar a psicose a uma patologia mental específica, como depressão severa, esquizofrenia e distúrbio bipolar.

Uma vez que nalgumas famílias são registados vários casos de transtorno psicótico, é possível que este distúrbio seja, em parte, hereditário.

A causa exata do episódio psicótico pode influenciar a frequência com que ocorre e a sua duração.

 

Diagnóstico

A recolha do histórico médico e psiquiátrico e um exame físico estão na base do diagnóstico do transtorno psicótico.

Além disso, o médico assistente poderá prescrever alguns exames para excluir outras doenças ou causas para o problema, como análises ao sangue e exames de imagem como a ressonância magnética, para obter imagens do cérebro.

Quando não é identificada qualquer causa física que possa explicar os episódios psicóticos, o médico assistente poderá encaminhar o doente para um psiquiatra, que usará outros métodos de diagnóstico específicos, determinando assim se a pessoa tem algum tipo de transtorno psicótico.

 

Tratamento do transtorno psicótico

É possível tratar o transtorno psicótico e a maioria dos doentes tem uma boa recuperação com a adoção do tratamento e do acompanhamento.

O plano terapêutico depende sempre da causa do transtorno psicótico, podendo incluir:

  • Medicação: consiste sobretudo em fármacos antipsicóticos, eficazes no controlo de sintomas como as alucinações, os delírios e até os problemas de raciocínio. Enquanto alguns doentes tomam antipsicóticos ao longo de toda a sua vida, noutros pode ser possível ir reduzindo a dosagem e até deixar de tomar quando há melhoria de sintomas. Regra geral, a medicação é dada na dose mais baixa possível para cada caso, com o objetivo de minimizar os seus efeitos adversos.
  • Psicoterapia

 

Em casos mais graves da doença, em que o doente pode representar um perigo para si próprio ou para terceiros ou em que não consegue cuidar de si próprio devido à doença, pode ser necessária hospitalização.

 

Prevenção

Não existem estratégias que possam ajudar a prevenir os transtornos psicóticos. Contudo, é importante ter em consideração que quanto mais cedo o tratamento for iniciado, melhor. Esta é a melhor forma de minimizar o impacto que a doença pode ter na vida do doente.

Pessoas que têm elevado risco de vir a ter transtornos psicóticos - por exemplo, as que têm histórico familiar destes problemas - devem evitar o consumo de drogas (como a marijuana) e de álcool. Estas medidas podem ajudar a prevenir estes problemas de saúde mental.

Fontes:

Medline Plus, julho de 2022

Mind, julho de 2022

NHS, julho de 2022

WebMD, julho de 2022