Cirurgia da coluna: técnicas minimamente invasivas

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Dor
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Dores e lesões na coluna são patologias complexas e debilitantes. Técnicas cirúrgicas menos invasivas permitem tratar melhor o doente e facilitam a recuperação.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a dor de costas é o principal motivo de anos vividos com incapacidade. Com os avanços na medicina “as pessoas vivem muito mais anos”, afirma o ortopedista CUF Ricardo Rodrigues Pinto, “mas vivem anos com muita incapacidade, e a maior incapacidade resulta da dor de costas”. Nestes casos, a cirurgia “é sempre a última hipótese, mas, muitas vezes, é aquela que é necessária”, acrescenta Miguel Carvalho, neurocirurgião CUF. E na altura de operar o doente, existem “técnicas minimamente invasivas que estão a ganhar cada vez mais popularidade”, afirma. Todas essas técnicas, com recurso à tecnologia mais avançada, podem ser realizadas na CUF, de acordo com Ricardo Rodrigues Pinto: “Atualmente, conseguimos fazer tudo aquilo que se faz nos grandes centros mundiais”.



Quais são as principais queixas sobre a coluna?

“As principais queixas que os doentes apresentam quando chegam à Consulta de Coluna são sobretudo dores nas costas, na região lombar, que pode ser acompanhada de irradiação para as pernas ou não”, afirma Miguel Carvalho. O neurocirurgião refere ainda que “alguns doentes apresentam também queixas de dor na coluna cervical (na região do pescoço), que pode irradiar para os braços, acompanhada de formigueiros”. A dor é, assim, o principal motivo para procurar uma consulta e, enquanto algumas pessoas surgem com episódios agudos, devido à intensidade, “muitas apresentam dor crónica, que já têm há mais de três meses”. Ricardo Rodrigues Pinto acrescenta ainda a “dorsalgia, dor no meio das costas”, e explica que as patologias da coluna se devem sobretudo “ao estilo de vida atual, ao sedentarismo, à obesidade”. Assim, o exercício físico e a ergonomia no local de trabalho “ajudam muito a melhorar esta dor de costas”, pelo que os médicos muitas vezes atuam “mais na educação, na prevenção, porque a grande maioria dos doentes consegue ficar muito bem com tratamentos que alterem o estilo de vida”.

 

Quais as doenças da coluna que exigem cirurgia?

A idade e o envelhecimento são responsáveis pelos problemas de coluna com maior necessidade de intervenção cirúrgica. “As principais patologias que identificamos nos doentes que vêm à Consulta de Coluna são, habitualmente, hérnias discais, degeneração do disco - ou seja, são discos que estão envelhecidos e desgastados, podendo eles próprios causar dor” -, indica o neurocirurgião Miguel Carvalho, lembrando ainda as fraturas osteoporóticas, “em doentes mais idosos e com osteoporose”, e que “são causadoras de dor da coluna”. Ricardo Rodrigues Pinto lembra que as fraturas osteoporóticas “têm uma mortalidade de 15 % ao ano quando não são bem tratadas”, sendo a cirurgia a melhor opção para diminuir esse risco. Destaca ainda que as fraturas na coluna podem surgir também “por grandes acidentes”, necessitando igualmente de uma intervenção.

Quanto às hérnias, “hérnias discais cervicais e hérnias discais lombares”, detalha Ricardo Rodrigues Pinto, “são cirurgias que devem ser realizadas sempre que exista dor com irradiação ou para os braços ou para as pernas, acompanhada de formigueiros, falta de força, falta de sensibilidade”. Essa indicação cirúrgica acontece quando não resulta “aquilo a que chamamos tratamento conservador, após cerca de seis a oito semanas”.

Miguel Carvalho reforça que “a cirurgia coloca-se como opção terapêutica quando esgotamos todas as outras opções”. Ou seja, “quando fazemos terapêutica adequada, fisioterapia e medicação, e estas são ineficazes, é aí que colocamos a hipótese cirúrgica”. Segundo o neurocirurgião, “entre 80 % a 90 % dos doentes são tratados com terapêutica conservadora: medicação, fisioterapia, alterações de hábitos de vida”.

 

Que tipo de técnicas cirúrgicas existem?

“Há múltiplas técnicas de cirurgia de coluna. Hoje em dia, podemos fazer cirurgias clássicas, abertas, como a descompressão e a colocação de implantes, com incisões relativamente grandes, mas também existem técnicas minimamente invasivas que estão a ganhar cada vez mais relevância”, explica Miguel Carvalho. Nas cirurgias menos invasivas, o neurocirurgião CUF destaca as técnicas endoscópicas, “em que o acesso ainda é mais pequeno: é colocado um endoscópio (uma câmara de filmar) e conseguimos fazer o tratamento através de pequenos orifícios”; e as técnicas percutâneas, “através da pele, apenas com agulhas guiadas por raio-X, por exemplo, no tratamento de fraturas osteoporóticas, em que conseguimos injetar um cimento que vai dar consistência à vértebra”. Miguel Carvalho refere que este procedimento é rápido e eficaz, feito “em ambulatório, com uma recuperação muito rápida”. Ricardo Rodrigues Pinto, refere a microdiscectomia para o tratamento da hérnia discal: “Esta microdiscectomia é realizada muitas vezes com um microscópio ou com um endoscópio, através de incisões quase centimétricas, portanto, com uma cirurgia minimamente invasiva”. Noutras intervenções, como uma deformidade em que “pode ser necessário colocar parafusos na coluna”, as instrumentações “podem também ser feitas de forma minimamente invasiva ou de forma aberta”. A decisão sobre o tipo de cirurgia “depende muito do tipo de doente, do tipo de patologia, da extensão da patologia”. Mas tanto médicos como doentes preferem fazer “cirurgias o menos invasivas e o menos agressivas possível", afirma o ortopedista CUF.

 

Quais os benefícios das cirurgias menos invasivas?

Para Ricardo Rodrigues Pinto, “as grandes vantagens das técnicas minimamente invasivas são o menor dano aos tecidos, sobretudo aos músculos”. Explica que, “como se fazem incisões mais pequenas” e se utilizam instrumentos próprios que permitem visualizar o interior da coluna, a recuperação é mais rápida. Além disso, durante a própria intervenção há menos perda de sangue.

Miguel Carvalho destaca ainda que as técnicas minimamente invasivas “permitem dirigir o gesto cirúrgico ao problema específico do doente”, sendo possível “tratar de forma muito eficaz a patologia”. Graças a isso, “muitas dessas cirurgias são hoje em dia feitas em ambulatório”, o que se deve a “toda a tecnologia de que dispomos de neuronavegação, neuromonitorização, para prevenir complicações e tornar a cirurgia cada vez mais precisa”, explica o neurocirurgião CUF.

 

Como é a recuperação dos doentes?

“Os tempos de internamento duram cerca de um a dois dias”, afirma Miguel Carvalho, acrescentando que “a recuperação da cirurgia da coluna hoje em dia é rápida, sobretudo porque estamos cada vez mais a usar técnicas minimamente invasivas”. Isso permite ao doente “fazer a fisioterapia no pós-operatório e regressar à sua vida normal de forma muito breve”, segundo o neurocirurgião. E Ricardo Rodrigues Pinto lembra que, ao “ter alta no mesmo dia ou no dia seguinte”, consegue-se também “um regresso ao trabalho e às rotinas mais rápido”.

 

A importância da tecnologia nas cirurgias da coluna

“Existe, desde sempre, um grande medo das cirurgias à coluna”, afirma Ricardo Rodrigues Pinto. No entanto, os avanços da tecnologia permitem que este tipo de intervenções seja cada vez mais simples. “Fazemos cirurgia muito complexa, com muita segurança e isto foi a tecnologia que nos permitiu vir a fazer, foi o treino”, explica. Para isso também contribui o maior nível de especialização dos médicos. Ricardo Rodrigues Pinto refere que “a diferenciação na medicina atingiu patamares em que os cirurgiões só se dedicam a uma área específica do corpo vertebral”, o que resulta numa maior repetição de procedimentos e um elevado conhecimento específico sobre cada problema.

Também Miguel Carvalho defende que “a tecnologia tem ajudado a cirurgia de coluna a evoluir de modo a que se torne cada vez mais precisa e cada vez mais segura”. O neurocirurgião dá como exemplos concretos a neuronavegação, que permite “guiar os instrumentos e guiar os gestos através do computador”, e a neuromonitorização, que ajuda a “monitorizar a função dos nervos quando estamos a fazer as cirurgias, de modo a minorar o risco de lesão nervosa, que é a principal complicação deste tipo de cirurgias”.

Publicado a 15/05/2024