Síndrome de conflito subacromial

A Cintura Escapular é constituída por várias articulações.

A articulação gleno-umeral tem como elementos estabilizadores estáticos os ligamentos e a cápsula articular. Como estabilizadores dinâmicos tem um conjunto de 4 músculos que se chama a coifa dos rotadores e que é constituída pelo sub escapular, supra espinhoso, infra espinhoso e pequeno redondo.

Entre o músculo supra espinhoso e o osso acromio existe uma bolsa para diminuir o atrito (bolsa sub acromial). Esta bolsa e o tendão do músculo supra espinhoso são as estruturas mais envolvidas na doença de que sofre.

 

O síndrome de conflito subacromial é uma entidade clínica, decorrente de um controle anómalo da articulação gleno-úmeral e ou escápulo-torácica (entre a omoplata e o tórax), feito pelos grupos musculares “estabilizadores” (coifa dos rotadores) e “mobilizadores” ( Deltoide e outros) destas duas articulações. Esta alteração leva a uma subida da cabeça umeral durante os movimentos do ombro ( levantar ou rodar o braço), com consequente conflito dinâmico entre o tendão do supra espinhoso e o acromio.

 

Trata-se portanto de uma doença de origem “mecânica” que se complica, com fenómenos inflamatórios recorrentes. Estes fenómenos levam a lesões da coifa dos rotadores e da bolsa subacromial.

O caráter evolutivo, condiciona tipos de abordagem e prognósticos diferentes. Assim o tratamento do síndrome de conflito subacromial, deve ter como base, o conhecimento da sua causa e como objetivo, o reequilíbrio muscular que permita uma centragem da cabeça umeral durante o movimento, eliminando assim o conflito.

 

Cerca de 75% dos doentes são tratados com recurso a anti-inflamatórios, fisioterapia e eventualmente uma infiltração (injeção) da bolsa subacromial.

Na falência da fisioterapia em conseguir manter a centragem da cabeça umeral, torna-se necessário com a cirurgia (apenas 25% dos casos), impedir o conflito aumentando o espaço sub-acromial.

 

A cirurgia é feita por artroscopia. Trata-se de uma técnica mini-invasiva que através de pequenas incisões (0,5cm), permite introduzir um sistema óptico e instrumentos, para realizar o procedimento cirúrgico. Este consiste na visualização de toda a articulação do ombro, na limpeza dos tecidos inflamados na bolsa subacromial e na descompressão subacromial (regularizar 4mm da face inferior do acromio).

É previsível que fique internado apenas um dia. Terá alta com o braço ao peito podendo retirá-lo para se vestir e fazer a sua higiene pessoal.

 

Vai necessitar de fisioterapia no pós-operatório. Esta pode prolongar-se por 2 meses. De início tem periodicidade diária, sendo previsível que ao fim de 6 semanas passe a 2 – 3 vezes por semana.

Vai estar pouco autónomo (dificuldade em vestir-se e tomar banho) por um período aproximado de 7 dias e só deverá conduzir ao fim de 4 semanas.

Esta cirurgia tem boas perspetivas, sendo que, mais de 90% dos doentes estão satisfeitos com os resultados obtidos.

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