COVID-19: variantes e as suas características

COVID-19
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As variantes da COVID-19 já identificadas indicam uma maior probabilidade de contágio, em particular a chamada variante do Reino Unido.

À medida que se vai propagando, o SARS-CoV-2 (vírus responsável pela COVID-19) sofre mais mutações e torna-se mais resistente. É uma questão de sobrevivência. Faz parte do processo natural de todos os vírus que encontram formas de sobreviver ou adaptar-se ao longo do tempo, evoluindo para outras estirpes. Este não é exceção.

 

Como surgem as novas variantes?

Segundo os cientistas, apesar de não ser um organismo vivo, o novo coronavírus tem vida própria. Consegue replicar-se, infetar e adaptar-se às condições que o rodeiam. É esta capacidade de adaptação que explica as mutações e o aparecimento de novas variantes em diferentes regiões do mundo.

Pertencentes a uma alargada família, os coronavírus são assim chamados pela sua compleição - apresentam na sua superfície extremos em forma de coroas. São, sobretudo, as mudanças que têm ocorrido nestes extremos do vírus que estão a ajudar os cientistas, através de análises genéticas, a compreender como a COVID-19 se propaga, a forma como afeta os doentes e também as suas variantes.

 

As variantes já identificadas

  • A variante do Reino Unido ou a B.1.1.7.

Foi identificada pela primeira vez no Reino Unido no outono de 2020, com um grande número de mutações: 23. Crê-se que esta variante do coronavírus se propague mais fácil e rapidamente do que outras variantes, sendo considerada a variante mais contagiosa e com uma mais elevada disseminação entre os mais jovens. Em janeiro de 2021, especialistas britânicos disseram mesmo que esta variante poderia ser a mais letal, mas são necessários mais estudos científicos para sustentar esta afirmação. Em Portugal, a variante do Reino Unido circula desde o início deste ano e a prevalência desta estirpe é responsável por um aumento considerável no número de infetados e consequentemente no número de mortes.

 

  • A variante da África do Sul ou a B.1.351

Detetada originalmente no início de outubro de 2020, no município de Nelson Mandela Bay, ao longo da costa leste da África do Sul, esta variante compartilha algumas mutações com a variante B.1.1.7 e propagou-se rapidamente por outros países. A B.1.351 também já chegou a Portugal, tendo sido identificada no Instituto Nacional Ricardo Jorge. Segundo alguns médicos sul-africanos, a B.1.351 é conhecida por atingir pessoas mais jovens, estimando-se que tenha um elevado potencial de transmissão.

 

  • A variante do Brasil ou a P.1

Foi identificada pela primeira vez em quatro passageiros que regressavam do estado do Amazonas, no Brasil, ao Japão, durante os testes de rotina no aeroporto nipónico, em janeiro de 2021. Atualmente, já está presente em 19 países, incluindo Portugal. Crê-se que a variante P.1 contenha um conjunto de mutações adicionais que podem afetar a sua capacidade de ser reconhecida por alguns dos anticorpos gerados no decurso da infeção.

 

Sabia que…

A proteína spike do SARS-CoV-2 é a porta de entrada do vírus no organismo humano. E são as mutações que acontecem nessa proteína, também conhecida por espícula, que sugerem que as novas variantes sejam mais transmissíveis.

 

Embora, em média, o vírus sobreviva dez dias no organismo humano, há estudos que apontam que alguns doentes continuem infetados pela COVID-19 durante várias semanas. Assim, enquanto o organismo tenta combater o vírus, a resposta imunitária obriga o vírus a sofrer mutações, em prol da sua sobrevivência. Estima-se, por isso, que enquanto o SARS-CoV-2 continue a infetar mais pessoas pelo mundo, venha a sofrer ainda mais mutações e se torne cada vez mais resistente.

No entanto, a existência das novas variantes identificadas até à data não parece comprometer a eficácia das várias vacinas já existentes.

 

Medidas de prevenção contra as novas variantes da COVID-19

Para se proteger das novas estirpes da COVID-19, as medidas atualmente aplicadas mantêm-se válidas: uso de máscara, etiqueta respiratória, desinfeção frequente das mãos e o distanciamento social.

Quanto ao tipo de máscara a utilizar, também não se verificam alterações nas recomendações. É importante a utilização de máscaras testadas e aprovadas pelas entidades competentes. Além disso, devem ser corretamente colocadas e manter-se os mesmos cuidados de troca e manutenção das mesmas.

Publicado a 10/02/2021